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quinta-feira, 9 de março de 2017

O tabu dos cabelos brancos

Desde que comecei a acompanhar minha mãe pintando seus cabelos brancos, comecei a me questionar se eu faria o mesmo. E desde que os intervalos entre uma sessão de pintura e outra se tornaram cada vez menores, tive a certeza de que não.

Mas porque até isso é uma questão que temos que tomar nosso tempo pensando?
Penso que porque infelizmente ainda criamos nossas imagens internas e auto-estima olhando-nos no espelho dos olhos dos outros!

Além disso, é como se o cabelo branco funcionasse como um relógio (salvo em situações que eles vêm cedo demais, tenho uma amiga que com 20 anos já tinha os cabelos bem grisalhos), dizendo que o tempo tá passando! Então na verdade são vários fatores influenciando esse tema de forma que acabamos ou gastando tempo questionando ou diretamente gastando tempo pintando as madeixas brancas.

Nunca consegui julgar nada sem experimentar, se não deu pra experimentar por qualquer razão, não posso julgar. Levando isso em consideração fico aqui pensando: Quantas de nós nos aventuramos, ainda que temporariamente, a experimentar essa nova versão que o tempo e a nossa historia apresenta ao mundo de nós mesmas? Quantas de nós ja tentou aceitar as mudanças ao invés de insistir em buscar sempre parecer a mesma coisa, em seguir parecendo aquela que fomos ontem, na semana passada ou há 15 anos?

Nos orgulhamos de todas as coisas que aprendemos com o tempo, mas ainda negamos as marcas desse mesmo tempo em nós.

Obviamente o mais importante de toda essa caminhada é ir até o final nos sentindo o melhor possível, pois pessoas felizes fazem pessoas felizes, mas a questão que tento colocar aqui é: você sabe o quão feliz você seria de cabelos brancos? Você já se questionou quais seriam as características da sua pessoa que estão tingidas por aquela tinta de cabelo?

Depois de muitas pesquisas e conversas com pessoas que decidiram assumir seus cabelos brancos, sabemos que os primeiros meses são os mais difíceis se você não for aquela do estilo radical e cortar bem curtinho para que ele, de cara, ja cresça na cor natural. Mas como nossa intenção aqui nesse blog é incentivar todas as formas de novas experiências, colocamos a todas vocês: vocês não teriam curiosidade de ver uma nova versão de vocês mesmas?


No fim das contas pintar os cabelos brancos ou não é uma questão muito pessoal, mas o que a gente deseja para todas nós é que cada uma de nossas ações seja norteada por aquilo que realmente nossos em essência e não por padrões impostos e que de tão acostumadas não questionamos!

OBS: caso voce resolva tentar ou caso voce ja tenha decidido deixar suas madeixas brancas naturais, escreve contando pra gente, mande fotos, que a gente vai divulgar aqui no blog.
Vamos crescer na troca de experiências?

 contato@mundoshakti.com.br
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Onde tudo começou...

Onde tudo começou...

Uma viagem para Europa, 2 anos de explorando culturas diferentes...o final de um namoro! Longe do Brasil, sem vontade nenhuma de voltar, mas também nenhuma de seguir por lá!
O que fazer? Fazer o que? Mmmm...Mmmmm, ok, vou para a India!
E assim foi....

Não preciso nem falar da diversidade cultural, da avalanche de cores, sabores, cheiros. Da psicodelia diante dos meus olhos, da palpitação do meu coração!

Mas quero chegar diretamente no evento que fez a Shakti nascer dentro do meu coração. Foi numa vila, no meio do deserto, quando dois meninos de casta muito baixa, me abordaram convidando-me para ir na sua casa no dia seguinte. Meio titubeante, aceitei.

Dia seguinte, no local marcado (ja não lembro bem se na hora marcada, porque na India não se segue muito o tempo do resto do mundo) eles estavam la me esperando. Fomos caminhando, adentrando o deserto, cada vez mais areia, cada vez mais espinhos. Até que um deles me pergunta: "- Quer ir de camelo?" Nem consegui conter o riso, não tinha planejado nada do que estava acontecendo, nenhuma agencia de turismo iria conseguir incluir aquela experiência tão espontânea no pacote!

Foi aí que paramos numa casa no meio do nada e um dos meninos entrou e saiu de lá trazendo um camelo! Pensei: "Meu Deus, é um cameloooo".

E assim fomos, até a sua "casa", como tudo na India é ao contrario do que se espera, obviamente a casa não era casa, era um acampamento cigano feito de palha no meio do deserto.
A familia toda ja me esperando, uma simplicidade que eu, mesmo tendo uma vida simples desde sempre, nunca tinha experenciado, porque não era somente a simplicidade por falta de dinheiro, era simplicidade de alma, dava pra ver a inocência e a pureza no olhar, no sorriso!

De cara a mae de um dos meninos ja tirou um 'saree' (vestimenta feminina indiana) e começou a me vestir. A parte de cima ficou grande, com uma destreza e sem pensar duas vezes, essa mulher pegou dois pedaços de palha da "parede" juntou as duas em suas extremidades, puxou um fio do proprio saree e o costurou ali mesmo, com uma agulha improvisada de palha!!!!!

Aquela mulher, simples, simples, simples, era muito vaidosa, tinha muito orgulho de cada uma das suas pulseiras de plástico, colares de missanga e suas unhas com esmalte descascando. Me ensinou tanto sobre feminilidade e a força que uma mulher pode ter, não interessa em qual contexto ela esteja.

Ainda sem acreditar em tudo que estava acontecendo, me sentei ao seu lado, aprendi a fazer "chapati", ganhei um anel de lata que tenho guardado até hoje como amuleto para os momentos que me sinto perdida. Passamos a tarde escutando musica (eles tocam um instrumento feito por eles mesmo com restos de madeira encontrado por aí), dançando e sorrindo. Aliás, depois desse dia, meu sorriso ficou ainda mais sorriso, pois aprendi a sorrir com o coração.

Foi aí que pela primeira vez comecei a questionar o quanto o sistema nos faz querer que tudo esteja perfeito para nos sentirmos aceitos, para sermos felizes, ninguém nos conta que a real felicidade pode estar vestido uma roupa costurada com palha, anéis de latão, unhas descascadas e o cabelo todo duro por causa da areia do deserto!


Fui embora tao feliz e me sentindo tão unicamente linda como nunca. No caminho pra casa, no meio do deserto, em cima de um camelo, nasceu a Shakti.