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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Onde tudo começou...

Onde tudo começou...

Uma viagem para Europa, 2 anos de explorando culturas diferentes...o final de um namoro! Longe do Brasil, sem vontade nenhuma de voltar, mas também nenhuma de seguir por lá!
O que fazer? Fazer o que? Mmmm...Mmmmm, ok, vou para a India!
E assim foi....

Não preciso nem falar da diversidade cultural, da avalanche de cores, sabores, cheiros. Da psicodelia diante dos meus olhos, da palpitação do meu coração!

Mas quero chegar diretamente no evento que fez a Shakti nascer dentro do meu coração. Foi numa vila, no meio do deserto, quando dois meninos de casta muito baixa, me abordaram convidando-me para ir na sua casa no dia seguinte. Meio titubeante, aceitei.

Dia seguinte, no local marcado (ja não lembro bem se na hora marcada, porque na India não se segue muito o tempo do resto do mundo) eles estavam la me esperando. Fomos caminhando, adentrando o deserto, cada vez mais areia, cada vez mais espinhos. Até que um deles me pergunta: "- Quer ir de camelo?" Nem consegui conter o riso, não tinha planejado nada do que estava acontecendo, nenhuma agencia de turismo iria conseguir incluir aquela experiência tão espontânea no pacote!

Foi aí que paramos numa casa no meio do nada e um dos meninos entrou e saiu de lá trazendo um camelo! Pensei: "Meu Deus, é um cameloooo".

E assim fomos, até a sua "casa", como tudo na India é ao contrario do que se espera, obviamente a casa não era casa, era um acampamento cigano feito de palha no meio do deserto.
A familia toda ja me esperando, uma simplicidade que eu, mesmo tendo uma vida simples desde sempre, nunca tinha experenciado, porque não era somente a simplicidade por falta de dinheiro, era simplicidade de alma, dava pra ver a inocência e a pureza no olhar, no sorriso!

De cara a mae de um dos meninos ja tirou um 'saree' (vestimenta feminina indiana) e começou a me vestir. A parte de cima ficou grande, com uma destreza e sem pensar duas vezes, essa mulher pegou dois pedaços de palha da "parede" juntou as duas em suas extremidades, puxou um fio do proprio saree e o costurou ali mesmo, com uma agulha improvisada de palha!!!!!

Aquela mulher, simples, simples, simples, era muito vaidosa, tinha muito orgulho de cada uma das suas pulseiras de plástico, colares de missanga e suas unhas com esmalte descascando. Me ensinou tanto sobre feminilidade e a força que uma mulher pode ter, não interessa em qual contexto ela esteja.

Ainda sem acreditar em tudo que estava acontecendo, me sentei ao seu lado, aprendi a fazer "chapati", ganhei um anel de lata que tenho guardado até hoje como amuleto para os momentos que me sinto perdida. Passamos a tarde escutando musica (eles tocam um instrumento feito por eles mesmo com restos de madeira encontrado por aí), dançando e sorrindo. Aliás, depois desse dia, meu sorriso ficou ainda mais sorriso, pois aprendi a sorrir com o coração.

Foi aí que pela primeira vez comecei a questionar o quanto o sistema nos faz querer que tudo esteja perfeito para nos sentirmos aceitos, para sermos felizes, ninguém nos conta que a real felicidade pode estar vestido uma roupa costurada com palha, anéis de latão, unhas descascadas e o cabelo todo duro por causa da areia do deserto!


Fui embora tao feliz e me sentindo tão unicamente linda como nunca. No caminho pra casa, no meio do deserto, em cima de um camelo, nasceu a Shakti.



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